Um vaso vazio

Não o estou reclamando de nada nem de ninguém muito menos da vida. Apenas tentando falar como me sinto:

Um vaso vazio, sem flores, seco a muito tempo, sem a beleza de um amor, sem a leveza de um sorriso. Parece estranho, mas é verdade.

Alguns dirão que sou mal agradecido, não valorizo o que tenho, será?

Mas a estes respondo, “Será que por valorizar é que permaneço?”, e faço eu uma pergunta. E por que fiquei até agora mesmo me sentindo muito mal?

Entenda é fácil julgar, mas muito difícil entender, mais fácil o caminho das soluções prontas, mas difícil reconhecer o espelho.

Toda relação se mantem com alguns pilares confiança, respeito, apoio, parceria e amor. Qual destes pilares ou sentimentos eu deixei de ter? quando faltei com o respeito, amor, carinho, confiança e apoio? Quantas vezes eu ofendi a honra e a idoneidade de alguém? Quando fui insuficiente? Gostaria de saber.

Em que momento da vida, deixei de estar presente? Apoiar mesmo nos piores momentos, em suas decisões mais auto destrutivas? Mesmo dando conselhos sem que os tenham sido solicitados ou sequer consultado antes destes erros?

Qual a importância de minha presença se ela só era lembrada para ajudar a resolver os problemas e nunca sequer questionado sobre uma simples opinião?

Entendam, viver em função de apoiar e ajudar aos demais é uma das maiores provas de amor, porém alguma atenção e amor seriam muito bem recebidos, que tal se houvesse ao menos um pouco de reciprocidade, logico verdadeira.

Quando o carinho a atenção, amor, afeto, dão lugar a convivência, amizade e companheirismo, sem a companhia dos sentimentos anteriores qual o diagnóstico?

Quando sua falta é sentida mais pela ajuda na solução de tarefas que no coração, que mais se há para sentir? Quando palavras ditas com força e intenção doer para magoar e mesmo que sem o teor da verdade nelas, qual a real intenção? Por que são ditas?

Os raros pedidos de desculpas são feitos mais pelo remorso e comodismo da presença que a falta sentida se faz ao lado na cama ao dormir, o que pensar?

Quando a distância não dói e falta é suportável o que está errado?

Quando o que resta é apenas a parceria e a amizade, e o coração dói de solidão mesmo acompanhado, e as reflexões vem a mente, e se aquela pergunta anos atras fosse trocada por um pedido qual a solução teria sido dada?

Quando tudo de mais valioso que você possui já foi dado, e sempre se é questionado por algo a mais, ajudar na solução de consequências as escolhas não feitas, o que fazer?

O que de mais valiosos uma alma pode dar a outra? Ouro, Prata, Bens materiais? Não o Tempo, este dado a alguém por outra alma, o Tempo. Nem todo dinheiro do mundo compra o amor quem dirá o tempo.

Porque ficar sendo uma represa se enchendo dia a dia, gota a gota, suportando, apoiando, escutando confissões veladas, vendo a sua ajuda não dar frutos, os erros se repetirem como se fossem propositais e a vida cada vez mais vazia?

Mesmo as mais desumanas almas tem um limite, imagine uma alma que apenas quer ter um momento de felicidade nesta jornada.

Erros são inerentes a natureza humana, porém o arrependimento verdadeiro é algo necessário, e o que deve vir acompanhado para ser verdadeiro?

De amor, afeto, carinho e ternura, não confundir com apoio material ou boas intenções. A estrada entre o céu e o inferno está pavimentada de boas intenções.

A indelicadeza de atos pessoais que nunca seriam realizados por um são considerados normais e sem problema por outro, Quando a sutileza e a percepção de um ato se torna banal a ponto de ser registrado em foto e compartilhado como algo fugaz, mesmo sendo a interpretação livre mediante outras balizas morais já ditas como regra velada, disfarçadas de necessidades.

Quando a sutileza e a delicadeza de cuidar do outro coração foi relegada a apenas um ato fugaz? Quando o sentimento deixou de ser percebido? Quando a percepção da dor de alguém se torna irrelevante a ponto de se torna imperceptível?

Dizem que quem ama cuida, concordo, mas acredito que referia-se a cuidar da alma pois você se torna responsável por algo que cativa.

Quando as escolhas se tornam tão frívolas que as consequências são tratas com mero acaso a ponto de serem interpretadas sem malicia e dor, apenas como algo comum.

E a dor? Como lidar com a dor da ausência presencial quando um toque é evitado de forma sutil, uma aproximação é tolhida de forma discreta quando beijos são trocados por apertos de mão ou beijos frívolos, aqui o coração já não sente mais, já matou a necessidade e a carência, resta apenas o vazio da convivência.

Mas toda alma que um dia amou, procurou florir um jardim no coração e amar, um dado momento antes da morte se levanta e se desespera, clama por um sopro de vida.

Quando saber quando deixar ir? mesmo doendo e a culpa dar lugar a realidade cruel. Acabou?

O retorno não sendo uma solução, o tempo passou e a ausência enterrou o que sobrou e a dor de lembranças são cicatrizes profundas, como marcas em uma tabua onde os pregos são fixados e retirados, porém lá estão as marcas os buracos que nunca serão preenchidos a ponto que a cada caminhar elas sangram, o perdão é algo agora sem proposito, como prosseguir?

Minha alma aprendeu a escrever mesmo de forma incorreta pois a dor de falar é insuportável, humilhante e destruidor. Aprendi com a dor a não desejar ou querer o que não se pode ter.

Qual o preço a ser pago para amar e ser amado? Qual a paga pela devoção? Seria a solidão e a utilidade?

Nunca. Amar uma outra alma é magico, divino a troca é a harmonia das palavras, selada com beijos e amor verdadeiro.

Dizem os mais evoluídos que a solidão forja alma e fortalece o espírito, mas como explicar a estes que a solidão doe e deixam o vaso ainda mais vazio?

Como disse não estou reclamando de nada nem de ninguém muito menos da vida. Apenas tentando falar como me sinto: Meu coração dói e a alma clama.

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